domingo, 13 de maio de 2012

O que pensam os jovens de hoje.....

Reportagem extraída do jornal Correio da Noroeste, impresa pelos meados do ano 1978, onde a sede era o escritório Peres (Abilio Peres) que ainda o é, fundado pelo seu produtor, escritor e jornalista Joaquim conhecido pelo apelido de "Jango", onde fazia toda cobertura jornalista de Pongaí e região.....

O que pensam os jovens de hoje



Se a juventude dos anos 50 se caracterizara pelo culto ao "rock'n roll", a nova safra prometia outros tipos de trejeitos e expressões.
Enquanto, Elvis Presley, Bob Dylan e muitos outros convulsionavam ante o aparecimento dos Beatles e da adesão á sua indumentária estilística e comportamental, a sociedade via serem quebrados, de uma só vez, a maioria dos tabus que a regiam por sob uma tônica de moralidade tradicionalista.
No mundo inteiro apareciam cada vez mais adolescentes que se deixavam empolgar por uma alarmante febre de vadiagem, instabilidade emotiva e anarquia moral. Embora a grande maioria dos mocinhos e mocinhas dos 13 aos 19 anos seguisse caminhos construtivos e de respeito às leis, em quase todos os países se noticiavam casos de atos insensatos de destruição, de cenas brutais e de promiscuidade sexual, de furto de um sem número de veículos pelo simples prazer de dirigi-los, praticados por uma pequena minoria de juventude de então — minoria, porém, que aumentava assustadoramente. Naquela característica universal, um fato avultava: os jovens mais violentos se encontravam, com freqüência, nos países ricos. E muitos vinham de lares ordeiros da classe média nos quais a brutalidade e imoralidade eram (e são) tradicionalmente inconcebíveis.
O chamado "movimento transviado" não teve, em nosso país, muita originalidade, sendo mais uma conseqüência do novo estilo de música que surgia (o iê-iê-iê) do que mesmo uma revolução de comportamento social. Naturalmente, como movimento musical surgia outras características. Se, por um lado, a sociedade não sofria as conseqüências das manifestações coletivas comuns em outros países, por outro, os nossos jovens estavam lhe impondo um preço até hoje não resgatado: o uso dos tóxicos tornava-se numa das mais sérias ameaças já enfrentadas em nosso país, a exemplo de muitos outros.
Era uma forma de violentar sem violência os padrões hierárquicos, agredir princípios de moralidade de forma que não responsabilizasse o autor de forma direta quanto á pratica do ato.
Estava deflagrada, portanto, uma guerra psicológica sem precedentes e de efeitos múltiplos: a degeneração da família, a decadência social, o atentado à metodologia educacional e aos chamados mandamentos do pudor, num desfecho provocado, possivelmente, por ideologias até hoje obscuras à opinião pública.
Até hoje os remanescentes dessa insultada massa metabólica continuam a provocar conflitos. As gerações dos anos 70 e 80 encontraram uma forma de paradoxal o comportamento genérico, buscando outros recursos que lhe permitissem exteriorizar, metodicamente suas tendências de transformismo e agressividade irreverentes.
A seita do reverendo Moon, a tragédia da Guiana e muitos outros fatos, são bastante para mostrar a que ponto chegou à capacidade de reação de uma parte da nossa juventude às influências diversas: frágil e causada pelo desajuste e conseqüente disposição à receptividade de tendências emanadas pelas mais diferentes e malévolas correntes.
As drogas, as seitas, a ocidade e falta de orientação adequada, modificam comportamentos e transformam conceitos. O terreno é ainda vantegeado pêlos maus usados recursos da comunicação, bem como pela experiência de vida de muitos pais de hoje, que na época, eram nada menos que os famosos "D. Juans", "Playboys avançados", "rabos-de-burros" ou "gatinhas psicodélicas", garotas "papo-firme" ou "pra-frente".
E o que pensam de si próprios, da sociedade e dos costumes de seus pais, os jovens adolescentes de hoje?
A PATOTA é um grupo de adolescentes de nossa cidade, cujos integrantes estão situados na faixa etária dos 12 aos 19 anos. O grupo é muito popular pela sua união, o que faz muitos pensarem serem o mesmo impenetrável, de formação social altamente influenciada pêlos preconceitos, etc. Na verdade, a filosofia do grupo obedece a um critério de exclusividade, mas não de elementos: de pensamentos que identifiquem cada integrante com a corrente geral a que segue o grupo.
Tudo começou há quatro anos quando Luciane, Sílvia Elaine, Andréia e Cristhiane cursavam a 4 a. série do 1o. grau. Foram o prof. Wilson Campos que, notando a inseparabilidade das quatro, apelidou as carinhosamente de “Patotas”.
A coisa pegou e, em pouco tempo, o grupo era identificado até mesmo fora da escola pela simpática alcunha. Mais tarde, um outro grupo, desta feita integrado pelas irmãs das “Patotas”, veio a juntar-se ao quarteto, já que agora, também estavam estudando no mesmo estabelecimento e horário.
Neide Cristina, Lúcia Helena e Cristina - a nova versão da Patota - receberam o batismo de “Patotinhas”, o que as diferia do grupo original, mas, em pouco tempo, todas passaram a ser chamadas “Patotinhas”.
Ainda mais tarde, quando os amigos do grupo se reuniam no clube e na escola, ouvia-se a expressão: “olha a turma da patotinha”, o que veio a servir para mais uma identificação “oficial” e até hoje conservada: a “Turma da Patotinha”, composta por vários outros adolescentes, tais como os colegas da escola, alguns namoradinhos e paqueras de alguns vizinhos e até mesmo os garotas. Integrado a nova safra da Patotinha, os membros da “Turma” são os seguintes: Angelita Zanata, Neuseli Cristina, Eduardo Aparecido, Márcio Reia, Hegina Maria, Carlos Alberto, Zoiro Sanches Filho, Cristhian Della Rovere Reia Cardia, Angelita Zanollo, Heli da Costa Arone, Renan, José, Sheila Galhardi, Elaine Cibele, Claudiney Reia, Henri Tannus, Osvaldo Belini, Ari Brumati, Márcio Roberto e Luciano Reia.
Existe até o símbolo da amizade incondicional do grupo, representada pela mascote “Pituca”, uma gorducha cachorrinha, criada em grupo e com total liberdade para permanecer na casa de qualquer membro da “Turma”.



Entrevistada por este jornal, a Grande Patota falou sobre sua origem, política, religião, preconceitos seus ídolos e muitas outras coisas. Algumas das frases que marcaram o decorrer da entrevista:
- Política: “O Brasil é governado por muita gente...”;
- Religião: “Todo lugar é ótimo para se fazer uma oração...”;
- Preconceitos: “Pôr dentro de todos corre um sangue da mesma cor...”;
- Ídolos: “Beatles, Simon and Garfunkel, Peter Frampton, Falcão, Pelé, Milton Nascimento, etc.”;
- O que pensam de si mesmos: “Somos autênticos e não procuramos seguir estilos, já que isso seria copiar...”;
- O mundo atual: “Os homens estão com os corações envenenados pela sede de poder, de destruição e de conquista...”;
- A Sociedade: “Muito confusa e às vezes constrangida”;
- O Casamento: “Uma condicionante que, às vezes, não dá certo”;
- O amanhã: “Um dia novo, um sonho novo”;
- O agora: “A esperança de um "mais tarde melhor”;
Deus: “A resposta de tudo...”.

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