MEMÓRIAS, CONTOS, CAUSOS, HISTÓRIA DE PONGAÍ....

 Bom dia caros Pongaíenses, estou abrindo está pagina para complementar o blog, pois deixo aqui espaço a todos que queirão publicar memórias, contos, causos, histórias ocorridas em Pongaí, aproveito e publico aqui a primeira publicação de nosso conterrâneo Raul Freitas memórias Pongaiense.

MEMÓRIA PONGAIENSE: NOSSA MITOLOGIA - I
Tem coisas que só acontecem em Pongaí. Será? Um Mito pode ser uma narrativa simbólica, sobrenatural ou fantasiosa, produto da imaginação, ou algo real, que repetido muitas vezes e de tão fantástico e forte, passa a ser uma referência. Muito bem! Se puxarmos pela memória, vamos constatar que Pongaí tem a sua mitologia. Vou transcrever aqui, algumas histórias que ouvi ou mesmo presenciei na terrinha e que, contando, poucos acreditam.

A CIDADE DOS APELIDOS
Um costume que está em extinção neste nosso mundo cheio de mi mi mi da atualidade é o uso de apelidos. Qualquer brincadeira é tida como preconceito, racismo ou Bullying e por isso o costume de apelidar alguém está desaparecendo, as pessoas ficam com medo de apelidar.
Mas se tem um lugar que, pelo menos no passado, quase todo mundo tinha apelido é o nosso velho Pongaí de guerra. Se há 35 anos, você falasse Aristides, Juvenal, Manoel, Santiago, Santo, Veralúcia, José ou Wagner, provavelmente ninguém saberia de quem se tratava, porém, se vc traduzisse para Saroba, Naro, Milibra, Jacaré, Cavalo, Verona, Preguiça ou Pimenta, na hora já saberiam de quem se tratava.
Os apelidos variavam . Como esquecer os de animais: Bagreiro, Pé de Pato, Tuim, Zé Bode, Sapo, Pé de lebre, Morcego entre tantos? Outros tinham como de referência a profissão: Santão da Perua, Edson da Lojinha, Misão do Correio, Zé Luiz barbeiro, Dito Coletor e por aí vai. Tinha também a procedência: Zé Baiano, Zé alagoano, Elias turco , Antônio Português entre tantos outros. O melhor para mim era o Vorta Seca. Alguém, por favor, saberia me explicar?

O HOMEM QUE PINTOU O GATO DE AZUL.
Pense num cidadão apaixonado pela cor Azul. Este é um dos Mitos pongaienses mais conhecidos. Trata-se do comerciante Romão, muito conhecido na cidade e que, de tanto que gostava da cor, pintava quase tudo de azul. Na sua residência e no seu sítio tudo tinha um toque de azul. Porteiras, portas, janelas, carrinho de mão, cabo de martelo... Tudo Azul.
Contavam os mais antigos, que a paixão pela cor era tamanha, que certo dia, o homem resolveu pintar o gato de azul. E o bichinho morreu. Mito verdadeiro ou não. Quem souber me esclareça.

O HOMEM QUE MORREU ... E RESSUSCITOU.
Este é um mito verdadeiro, pelo menos até a página 45, pois foi ele próprio quem me contou. O sr. Peixoto, ilustre morador pongaiense dizia possuir duas proezas: Era tio do Tony Ramos e experimentou a morte e ressurreição.
Sobre o Tony Ramos não posso confirmar mas a história da ressurreição (não foi ao terceiro dia, ainda bem) eu ouvi várias vezes do próprio defunto, no Centro de Saúde, onde eu trabalhava.
Na verdade, o sr. Peixoto sofria de CATALEPSIA, uma doença que impede o portador de se movimentar, devido à rigidez muscular, para depois, retomar as funções normais. Durante uma crise, o sr. Peixoto foi dado como morto, até acordar no próprio velório. Podemos imaginar a reação dos presentes no funeral.

O ÚLTIMO CORONEL
O Brasil, no início do século XX, viveu o período do coronelismo, no qual um chefe político local exercia grande poder e influência política e econômica num determinado território. Esta pessoa, normalmente um grande fazendeiro, não era um coronel formado em escola militar. Ele recebia este título por um costume da época ligado ao Império brasileiro, em que ainda não havia polícia nem Forças Armadas montadas no Brasil como hoje e os poucos “Homens de Bem” recebiam o título de Coronel, por ocasião da formação da Guarda Nacional. Estes coronéis deviam lealdade ao Império Brasileiro.
O Senhor Lázaro Lopes de Moraes era um coronel e grande fazendeiro de Pongaí, no início do século XX, desde os tempos em que nossa cidade era o Saltinho, um distrito de Pirajuí.
Elevado à categoria de município com a denominação de Pongaí, por Lei Estadual no 233, de 24 de dezembro de 1948 desmembrado de Pirajuí, com instalação definitiva no dia 02 de abril de 1949, o município de Pongaí teve como seu primeiro prefeito, o Coronel Lázaro Lopes de Moraes.
 
-->5 de setembro às 20:53
MEMÓRIA PONGAIENSE: ESCOLA PROFESSORA ELZIRA GARBINO PAGANI.
Não é possível pensar em Pongaí sem a nossa querida Escola Estadual Professora Elzira Garbino Pagani, ponto em comum no coração de todos os que em alguma fase da vida passaram por ela.
Referência para todos desde os tempos em que era o aconchegante Grupo Escolar com a dona Júlia e o sr. Cidão e o diretor boa gente, sr. Viriato Marques, no qual funcionava apenas o “primário”, creio que todo estudante pongaiense deu seus primeiros passos e rabiscou as primeira palavras exatamente ali.
Ainda sou capaz de ter imagens em meus sonhos com a escola no final dos anos 60 e início dos anos 70 com aquele mapa do Brasil na parede do portão de entrada próximo à prefeitura e também com o quibe com chá da dona Carminha. Também não é raro me pegar pensando em mestres tão dedicados como a dona Irene Lima, dona Leonora, dona Nely Roque, Maria Alves de Campos, sr. Wilson, Sr. Edson Terenciani, Nélion Arone, dona Cacilda e Terezinha Carneiro, dona Dulce Campos, sr. Zoiro e dona Dirce e tantos outros que por ali passaram. Nesta fase haviam uma horta , cuidada pelo Sr José Lopes, que acabou dando lugar ao prédio novo.
Dava um medo grande, quando o Dr. Tátuo Okyama passava pelo corredor com aquela roupa branca ou quando a gente ouvia o zumbido o motorzinho.
Lembro-me da festa do quentão que bombava e agitava a escola. Foi especialmente marcante, um ano em que as canequinhas para tomar quentão foram feitas de bambu e pintadas no pátio da escola. Nos anos seguintes, foram feitas canequinhas de louça. Outro fato marcante era a quadrilha, sempre ensaiada e executada pelo nosso saudoso Dêgo Albuquerque, pongaiense tipo raiz, muito prestativo e gente boa.
Nos anos 1970, tivemos a fanfarra, muito bem ensaiada pelo sr. Paulo Monteiro, na parte de percussão e pelo Piau, na parte de sopro, da qual fizemos parte durante vários anos e participamos dos desfiles cívicos.
Outro acontecimento marcante eram os desfiles, obrigatórios durante os anos de chumbo da ditadura militar, duas vezes por ano: no dia 02 de abril, aniversário da cidade e no dia 07 de setembro, dia da pátria.
Por volta de 1973, a escola foi ampliada e passou a ser escola estadual de Primeiro e Segundo graus, ganhou uma quadra e passou atender também alunos de 5ª. Série. Posteriormente, com o fechamento da Escola Estadual Dr. Luiz Pagani, o antigo grupo passa a ser a única escola da cidade e todos os estudantes vão estudar ali. Em 1977, ganhou um curso profissionalizante, de Técnico em Contabilidade, formando algumas turmas e depois, já nos anos 80 este curso sendo abandonado e a escola volta a ser escola de Primeiro e Segundo graus. Sr. Edsel e dona Alice são pessoas queridas desta época, assim como o sr. Ary foi o diretor. O secretário era o sr. Décio Pedro Rodrigues, homem de grandes inciativas sociais dentro da cidade, tendo sido presidente da ARSEP e treinador do Cruzeiro, dentre muitas outras coisas que realizou no município.
Desde muito tempo, Pongaí é um lugar dividido politicamente, gerando bons debates e ótimas brigas, porém, quando o assunto é a escola, não há discussão, todos a guardam com enorme respeito e carinho.
Sempre que vou a Pongaí, passo pela escola, paro e fico olhando e sempre passa um filme na minha mente e rolam aquelas lembranças dos amigos que fizemos, dos mestres que tivemos, das meninas que flertamos e de tudo o que tivemos a oportunidade de aprender ali, naquele lugar .
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MEMÓRIA PONGAIENSE: RIO TIETÊ: O NOSSO NILO.
O Rio Tietê é o maior e o mais importante dos rios inteiramente paulistas, nascendo em Salesópolis, grande São Paulo e desaguando no Rio Paraná entre as cidades de Castilho e Itapura, percorre aproximadamente 1. 100 km e praticamente corta todo o Estado de São Paulo, de leste a oeste. Curiosamente, nasce a 22 km do mar, mas corre no sentido contrário, chamado de endorreico.
O Nome “TIETÊ” vem do tupi-guarani e significa ÁGUA VERDADEIRA.
É um rio histórico de importância nacional, estando ligado à expansão territorial portuguesa para o interior do território, à ação dos bandeirantes paulistas nas expedições para aprisionamento de índios para a escravização e para a exploração de metais preciosos como o ouro e a prata e as pedras preciosas como diamantes e esmeraldas. Antes da chegada do europeu era caminho fluvial, fazendo parte das chamadas trilhas de Peabiru, um caminho indígena que ligava o litoral paulista ao Peru.
Atualmente não existe mais rio e sim um complexo de lagos formados por represas para fornecimento de energia elétrica. No nosso caso, a represa é a de Promissão.
O rio Tietê foi importante para a história de Pongaí. Ele tinha um sistema de cheias e vazantes regular e por muitos quilômetros tinha uma grande várzea, chamada pelos mais antigos pongaienses de “Varjão”, extremamente fértil, muito usada para a agricultura, principalmente para a plantação de arroz. Poucos sabem, mas nas décadas de 1950 e 1960, Pongaí foi um dos principais produtores de arroz do Brasil. Segundo o sr. Hélio de Oliveira e o sr. José de Souza, ambos de saudosa memória, na década de 50, o próprio ministro da agricultura esteve no nosso município para conferir a produção. Meu pai, sr. Zito Pedroso e meus tios foram plantadores de arroz neste período.
A maior parte das terras desta região, na época, pertenciam à família do sr. Lázaro Lopes de Moraes, primeiro prefeito pongaiense. Meu tio, sr. José Máximo, apelidado de Zé Arrepiado, foi administrador desta fazenda e dizia que mais de 400 famílias chegaram a trabalhar nestas terras até a década de 1960. Porém, grande parte destas famílias trabalhava como meeiros de café.
O rio era muito bonito, tinha em torno de 500 m de largura, algumas ilhas e uma corredeira próxima à curva onde hoje chamamos de Vital. Tinha também muitas lagoas na margem e o famoso “Porto ferrão”, um porto intermodal, ainda hoje localizado no município de Pongaí, existente no papel, porém , não existente na prática. Tinha também os clubes, ao lado da ponte velha, aproximadamente onde hoje é a prainha. Um dos clubes era da turma de Pirajuí e o outro de Pongaí, e ao lado, tinha uma prainha com ancoradouro. Era uma ótima fonte de lazer para muitas famílias.
A água do rio Tietê, em Pongaí, ainda hoje pode ser considerada limpa, comparando-se com o que ocorre em São Paulo, porém, a poluição já chegou, haja vista que numa época do ano existe a formação de uma camada de alga verde. Porém até o momento em que a represa encheu, por volta de 1975, era bem limpa, inclusive era possível pegar muitos tipos de peixes, hoje desaparecidos como o dourado, pintado, pacu, cascudo, piapara, Piracanjuba, etc.
Hoje temos a ponte nova como referência e um imenso lago artificial. Os peixes , na sua maior parte, não são nativos da região (tilápia, tucunaré, corvina, etc.) e existe na margem esquerda uma prainha artificial com ótima estrutura e que ainda movimenta o lazer na terrinha.
E o rio caminha inevitavelmente para o seu destino...
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Raul Freitas
MEMÓRIA PONGAIENSE - NOSSA LENDA URBANA: A NOIVA DA IGREJA
Quem nasceu depois da década de 1980, não deve conhecer esta história que faz parte do imaginário coletivo de Pongaí, principalmente dos cinquentões. Este caso de fantasma foi passado por moradores mais antigos da nossa cidade como o sr. Peixoto, o sr. Américo Gonçalves, Simão Alves, Fermino Testone, Olímpio Reia, dentre outros que ao anoitecer, sentavam-se nos bancos da Praça Central, sem nenhuma pressa e ali ficavam muito tempo como verdadeiros contadores de “causos”. Sempre gostei de ouvir essas histórias e a garotada da minha geração também. Sentávamos no chão e lá vinha história.
É uma narrativa muito antiga, faz parte do folclore pongaiense e foi contada muitas vezes e por narradores diferentes e também prestigiada por diferentes ouvintes, portanto, acredito que muitos a conheçam. É a história da noiva que aparece na madrugada, vez ou outra em frente a igreja católica, assombrando e causando pavor a quem a vê.
Uns dizem que ela foi abandonada pelo noivo no altar, ficando completamente desiludida pela vida e suicidando-se; outros, que o noivo morreu durante a realização do casamento e há ainda outras versões da história, contadas no decorrer do tempo na cidade, mas um ponto elas tem em comum: Há muitos anos, um casamento não foi concluído por falta do noivo, deixando a noiva abandonada. Esta caiu em desgraça, passou o resto da vida em grande sofrimento e morreu solteira. Porém, como nunca perdeu a esperança, vez por outra volta do mundo do além e reaparece na frente da igreja, em alta madrugada e aguarda que seu noivo regresse para acabar com a sua tristeza. Lá está ela, vestida de noiva, pálida, gelada (não se sabe como constataram) e caminha na direção do transeunte.
Conheci pessoas que afirmavam categoricamente terem visto o fenômeno e que sentiram um medo apavorante. Sem dúvida esta é uma lenda urbana genuinamente pongaiense, pois não conheço algo similar.
Sinceramente, eu não acredito nestas histórias de fantasmas, entidades ou coisas do tipo, porém, como o seguro morreu de velho e o desconfiado ainda hoje é vivo, sempre achei mais prudente usar cinto e suspensório e sempre evitei passar sozinho pelo lugar em alta madrugada.



MEMÓRIA PONGAIENSE: CINE RITZ. CINEMA DE PONGAÍ
Até meados dos anos de 1970 existiu em Pongaí o Cine Ritz. No início desta mesma década este cinema já estava decadente e no final acabou sendo demolido para dar lugar a outras atividades comerciais. O Cine Ritz foi construído nos anos 50 pelo senhor José Francisco Alves, empresário pongaíense de origem libanesa que atuava na produção de café e também no comércio. Sr José era irmão do sr. João Francisco Alves que dá nome à rua do Centro de saúde e tio dos Senhores Simão,  já falecido e Elias Ferez, atualmente com 92 anos que segue firme e forte na pedra em Pongaí. Como se tratava de anos pós- guerra, o café estava no auge da nossa região, a população pongaiense girava em torno dos 10 mil habitantes, e o otimismo era uma marca do período o cinema funcionou de modo bem satisfatório pelos anos que se seguiam . Posteriormente, outro empresário muito conhecido de gerações em Pongaí, o sr. Farhan Tannus, este de origem jordaniana, comprou o prédio e tocou o negócio. Sr. Farhan que era popularmente conhecido na cidade de Pongaí e região como Tanúncio, foi figura ímpar na nossa sociedade, casado com dona Rosinha e pai de nossas professoras, a dona Didi e a dona Yolanda. Como tudo tem começo, meio e fim, nosso cinema acompanhou o ritmo da economia e da sociedade pongaiense e acabou sendo demolido.


 
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Memória Pongaiense: A ARSEP
A geração atual não teve a oportunidade de conhecer em Pongaí, a ARSEP, mas certamente deve ter ouvido falar. Trata-se da Associação Recreativa, Social e Esportiva Pongaiense, um clube que funcionou, e muito bem, durante décadas na avenida Tabajara Barbosa Lima.  O prédio ainda está lá, porém, hoje funciona ali outra instituição, algo como Assistência Social. Também, os terrenos onde funcionavam as quadras, uma de terra e outra de concreto, já estão ocupados por residências. Bons tempos aqueles, em que a sociedade de Pongaí funcionava de maneira mais harmônica e com mais glamour, as pessoas, até as famílias se conheciam melhor e o jeito de curtir a vida tinha outro padrão. Havia dois tipos de sócios neste clube: os individuais e os familiares e as pessoas pagavam mensalidades. O clube era bastante frequentado por muitos moradores da cidade e as atividades eram bem variadas para a época. Havia um salão de jogos para cartas (baralho), mesas de sinuca, bingos aos domingos, um bar que funcionava diariamente e o momento mais aguardado por todos era o dos BAILES, em geral, um por mês. Eram bailes com conjuntos ou orquestras. Muitos grupos famosos na região e na época tocaram no clube. Alguns que eu me lembro: Arley e sua orquestra, Yarassus, Agitação 5, People e Jair Supercap. De vez em quando, havia o Baile dos Casais, nos quais o traje era a rigor (paletó e gravata). Havia também, bailes de Debutantes. Lembro-me de um em que o Patrono das Debutantes foi o ator Paulo Figueiredo que era da TV Tupi (sou velho). Nos anos 70, foi muito bom o período das Discotecas. Havia bailinhos com disco aos sábados e domingos, que eram chamados de Brincadeiras. Bom de recordar também, foram os Carnavais, normalmente embalados pelo conjunto do Piau, que era de Pongaí mesmo. Houve um período no início da década de 1970, por ocasião da construção da ponte sobre o Rio Tietê, em que havia torneios de Futebol de Salão (futsal) na antiga quadra de terra, atrás do clube. Pessoas importantes da Sociedade pongaiense foram presidentes do clube como o sr. Cláudio Barbosa Lima, que era proprietário do Cartório, o sr. Nélion Arone, Dico Bassini e Chiquinho Henrique. Infelizmente, quase tudo na vida tem começo, meio e fim e a nossa ARSEP ficou na saudade.

MEMÓRIA PONGAIENSE: O COLÉGIO “DR. LUIZ PAGANI”
Até 1975 existia em Pongaí o Colégio Estadual “Dr. Luiz Pagani” que funcionava na esquina entre as ruas Prof. Belizário de Souza Freitas e João Francisco Alves. Nesta escola havia os cursos que, na época eram conhecidos como “ginasial”, de 5ª até 8ª série e o “colegial”, que correspondia ao período do 1º ao 3º anos do ensino médio. Foi um período em que havia demanda de estudantes na cidade, sendo que a outra escola era o Grupo escolar “Profª. Elzira Garbino Pagani”, ainda existente e que ministrava o ensino primário.
Não por coincidência os nomes das escolas foram dados em homenagem ao ilustre casal, o Dr. Luiz Pagani, médico que por muitos anos morou na cidade e atendeu no posto de saúde e a Profª Elzira, que dispensa apresentações, pois seu nome ainda é emprestado à Escola estadual “Profª Elzira Garbino Pagani” que funciona com o ensino fundamental II e Ensino médio em nossa cidade.
Trazemos muitas lembranças deste tempo bom, quando havia o curso e o exame de “Admissão” para os estudantes que vinham do “primário” para assegurar a entrada no ginásio. Este curso era rigoroso e durava em torno de um semestre.
Nesta época, não havia a recuperação, pois os estudantes que não conseguissem a média anual, ficavam “de exame” e para quem não conseguisse o mérito no exame, era oferecida a famosa “2ª época”, um exame dificílimo que englobava toda a material daquela determinada disciplina durante o ano e era feito na última semana das férias de janeiro. Traduzindo em miúdos , não se dava moleza para os estudantes .
Recordações excelentes trazemos desta escola, principalmente de nossos queridos mestres, pessoas inesquecíveis e de importância central em nossas vidas como a Dona Denise Roque, Sônia Camponês, Nilda Fabém, Iolanda, Sílvia Elaine Baggio, Helô Pagani, Ivone Lage, Irani Brumati, Du e os Senhores Ary Ferreira, Lázaro Camponês , Zé Carlos Gonçalves e Adilson de Ed. Física, entre muitos outros que passaram pela nossa caminhada. São igualmente inesquecíveis o sr. Edsel Lindquist e a dona Alice e a diretora, dona Nobuco.
Muito chic eram as aulas de francês com a Helô Pagani e com a Lurdinha de Marília. Até hoje entendo bem o francês devido às aulas que tive.
É claro que os amigos que fizemos no período escolar ficam marcados para sempre em nossa vida como a turma com a qual estudamos: Nelsinho Arone, César okyama, Vandão Brumati, Titico, Jorginho Dugaich, Célia Batistela, Né Biazeto, Rosana Mirales, Zeicy Lindquist, Rosa e Alzira Espote, Célia Lopes, Denizeti Pontes, Mariana Duarte, Ivanete Cabelo, Fatinha Bento, Sara e Clenilde Silva e por aí vai com grande saudade. Outros, já estão no Plano superior como é o caso do Laércio Belini e Amilton Moreti.
O prédio hoje é ocupado por uma escolinha de ensino fundamental I que leva o nome da Gláucia schiasso.
Agradecimentos à Célia e Carlão e Geraldo pela ajuda. 

MEMÓRIA PONGAIENSE: CANASTRÃO, A CIDADE FANTASMA.
O Bairro Pongaiense do CANASTRÃO , tem uma história muito interessante. É muito conhecido pelas lindas cachoeiras que dão à geração atual o lazer dos fins de tarde, e também pelo passado, principalmente pelo povoado que ali formou-se, movido pela expansão cafeeira do século XX na nossa cidade e região.
Na primeira metade do século XX, no início da década de 1940, uma empresa do agronegócio de capital inglês que contava inclusive com participação da família real inglesa, resolveu investir na região e idealizou o desenvolvimento de 3 núcleos de produção (Jornal: Comércio de Jahu). O primeiro em Tibiriçá (outra cidade fantasma), região de Avaí; o segundo em Pirajuí, na antiga Usina Miranda e a terceira, na região das Fazendas São Francisco, e Nossa senhora Aparecida , no Canastrão, em Pongaí. A ideia era plantar 5 milhões de pés de café. Por motivos mercadológicos e políticos da época, o único núcleo que durou foi o de Pirajuí. De fato, nos anos 60 e 70, a usina Miranda (na verdade, Usina Pirajuí), tinha mais de 1 milhão de pés de café, e o município de Pirajuí foi por alguns anos o maior produtor de café do mundo (Folha de São Paulo).
O Canastrão ficou de fora do projeto, mas seguiu os passos da produção, pois já havia muitas fazendas e sítios na área, produzindo café. Já havia muitas famílias trabalhando na região e vieram muitas famílias de imigrantes das mais diversas regiões do Brasil, principalmente do Nordeste e do mundo, principalmente os italianos. Até hoje, Pongaí é um município com forte presença italiana. É só observar os sobrenomes: Padovani, Calegari, Belini, Bortoli, Mazoni, Capeli, Espote, Zanolo, Médici, Batistela, Boteon, Testoni, Brumati, Faben, Turato, Moreti, Arone, Luan, Colognesi, Feltrin, Pagani, Rufino, Bassini, Giampaulo, Belíssimo, Schiasso, Stefani, Rossi, Colpani, Terenciani, Gagliardi, Zafalon, Braiti, Zanata, Pagnã, Bianconi, etc.
As décadas de 1940 e 1950 foram o auge do bairro do Canastrão, onde formou-se um núcleo urbano que teve em torno de 3 mil habitantes, uma vila, pertencente ao município de Pongaí, dentro da fazenda Nossa Senhora Aparecida, de propriedade de Vitório Tavani, um dentista residente em Lins.
A cidade começou a ser moldada. Primeiro construíram uma igreja no estilo gótico, ganhando assim o nome da padroeira da região “Santa Luzia”, depois, armazém com secos e molhados com o nome de “Armazém Canastrão”, farmácia, barbearia, botequim, posto policial e uma escola para os filhos dos lavradores da região. Tudo isso ocupava as duas ruas da pequena cidade, cujo nome de uma delas era “Rua do Comércio”.
A “cidade” de Canastrão era muito movimentada, principalmente nos finais de semana, quando os trabalhadores saíam de suas fazendas para fazer compras. O dia mais esperado e mais importante do ano, era o dia 13 de dezembro, pois nessa data era celebrada o dia da padroeira “ Santa Luzia”. As ruas ficavam coloridas e as procissões enchiam o lugarejo de curiosos que vinham das cidades vizinhas com seus cavalos. O botequim ganhava uma grande movimentação e o posto policial, tinha muitas vezes, um certo trabalho com isso. (trecho extraído do documento Memorial de Pongaí)
O Canastrão acabou porque, com o tempo, a terra ficou fraca e passou a dar pouco café. O fazendeiro tentou quase tudo, mas não teve jeito. Começou a ter dificuldades para pagar os empregados. Porém, autorizou todos os moradores a ficarem no povoado e tentarem a vida por conta própria. O cafezal deu lugar para a pastagem e a criação de gado, que gera pouco emprego.
Na década de 1970, quando era governador de São Paulo, o Sr. Paulo Maluf, cogitou-se mudar a capital do estado para o interior e o Canastrão foi um dos candidatos, devido à sua localização geográfica: Está no centro geográfico do Estado. Como a ideia foi engavetada, não foi pra frente.
Até recentemente, havia alguns prédios no bairro, mas atualmente, tudo foi demolido e só resta pasto na área.
MEMÓRIA PONGAIENSE.
TABU RÍTMOS E BOSSAS: OS NOSSOS BEATLES .
Nossa terrinha é mesmo um lugar cujo passado vale a pena ser resgatado. A exemplo do que aconteceu com a ARSEP, com o Cine Ritz, com o Aero Clube e o Campo de aviação, com o Canastrão e, enfim outras tantas lembranças, tivemos também o não menos famoso TABU.
Era um conjunto musical que fez sucesso na cidade e na região entre os anos 50 e 80, com intervalos irregulares de inatividade, mudanças de nome e retornos até acabar definitivamente nos anos 80.
Iniciou-se nos anos 50, quando os jovens Jorge Marinho do Nascimento (Piau), Júlio Martes ( Julinho), Surubim e Nelsão Açougueiro (bateristas), Simão Francisco Alves, Sebastião Gomes, Dona Filomena Fontes, a dona Biluca (acordeonista), todos instrumentistas e ainda Ary Ferreira, Edílio Lopes e Braguinha, entre outros, que foram os crooners (cantores).
Muito interessante era o fato de que tanto o Sr. Ary, quanto o Braguinha tinham disfemia (gagueira), o que não era um problema para cantar. De fato, ambos tinham vozes maravilhosas.
Começaram tocando em bailes de Pongaí e cidades menores da região e prosseguiram com um trabalho que atingiu fama regional nos anos 60. Também participaram do grupo, em outros tempos, o Jonas, que foi soldado em Pongaí , o baterista, sr. Elias Feres, Alberto Brumati, guitarrista, e os crooners Josué e Álvaro Campiteli e Marlene jampaulo. Eventualmente houve a participação de outros membros, como um guitarrista conhecido em Pongaí pelo apelido de Amendoim, e o Cláusio Reia, vocalista do Lobshow, pois a formação variou muito, conforme a época.
No decorrer das apresentações, elementos realizavam várias performances, algumas muito engraçadas, principalmente com o Nelsão açougueiro que divertia muito a plateia.
O empresário do grupo era o Sr. Cláudio Barbosa Lima, cartorário pongaiense, homem participativo que esteve à frente de várias iniciativas na cidade como foi o caso do time de futebol, do clube recreativo e outras entidades importantes. Pongaí era movimento, na época, com uma população de 7.000 habitantes, o dobro da atual.
A duração do conjunto atravessou a década de 1960, mas, no início dos anos 70, veio a crise e a decadência.
As mudanças de nome também foram constantes, sendo que no decorrer de sua história, o grupo adotou nomes como: Tabu, Marinho Marques, Charm Sete, Metralhas e Lobshow.
A liderança cabia ao Sr. Jorge Marinho, nosso Piau, figura ímpar em nossa cidade, amante da música, que tomou várias iniciativas, tanto com o conjunto, quanto com a banda municipal e a fanfarra. Na época em que a fanfarra da Escola Estadual Professora Elzira Garbino Pagani teve o seu auge nos anos 70, o instrutor dos instrumentos de sopro era ele.
Porém, como os músicos do conjunto Tabu trabalhavam em atividades particulares, não havia uma dedicação exclusiva para a música, o que, de certa forma atrapalhou os planos de continuidade do grupo e todas as tentativas de reorganização e retomada tiveram vida curta.
Já no final dos anos 70, sempre sob a iniciativa do Piau, ocorreu novo reagrupamento para animar o carnaval em Pongaí, com o nome de “Os Metralhas”. Assim,, o grupo continuou reuindo - se nos carnavais até meados dos anos 80, usando também o nome de “Lobshow”. Os anos 80 marcaram o fim dos nossos Beatles.
Já se foram para outro plano o Jorge, Piau, Simão, Josué, que vivia em Borborema, Edílio, Jonas, Ary e agora em janeiro de 2019, o sr. Sebastião Gomes também nos deixou. Estão firmes na pedra, o Sr. Elias Feres com 90 anos, Álvaro, Alberto e o Julinho. O Braguinha, até os anos 90 cantava na Orquestra do Arley de Catanduva. Surubim foi embora há muito tempo e o Nelsão hoje mora em Cafelândia e tem um posto de gasolina próximo ao Valdomiro Silveira.
Bons tempos em que a nossa sociedade tinha glamour, realizava grande movimento, tomava iniciativas e deixava nossas vidas mais felizes.
Agradeço à Sofia Marinho Mirales, ao Tabajara Lima Neto, ao Julinho, à Nike Jampaulo e à Soninha Barbosa Lima pela atenção, colaboração e pelo envio de fotos, materiais e informações sem as quais não seria possível concluir este texto. Se alguém tiver alguma informação que possa melhorar este texto, envie-me que eu faço a edição.
Ordem das fotos: 1, 2 e 4= formação clássica do Tabu Rítmos e Bossa.
Foto 5- Período do Marinho Marques
Fotos 3, 6, 7, 8 e 9= Charm 7.
Foto 8- Cartaz da Banda.

8 comentários:

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    1. ótimas lembranças desse nosso querido Pongaí. Hoje, muito diferente do que foi e assim segue a nossa vida.

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  2. OLA AOU MATIAS DUARTE ..LEMBRADO DO SENHOR PEIXOTO TODA VEZ QUE ME ENCONTRAVA LEMBRAVA DO CASAMENTO DO MEU AVO DIA 18 DE JULHO DE 1918.DIA DE UMA GEADA MUITO FORTE CHEGANDO A MATAR ALGUNS ANIMAIS...

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  3. Sou pongaiense, nascido em 1954.... Quanta saudades dessa época...
    Chorei, sem comentários
    Tudo passa, e está passando...
    Obrigado...Zito, abraço

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    1. Sou pongaiense, nascido em 1954
      Quanta saudades dessa época
      Infelizmente, muitos nomes aqui citados já se "foram"
      Como tudo passa, estamos passando tbm..
      Obrigado, pongaiense😭😭

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  4. Lembro na minha infância [anos 1970] um morador cujo apelido era Marabá, acho que trata-se do mesmo. Eu, filho do Miro Henrique e morador na Cidade de SP. Bons tempos vividos na Cidade de Pongaí - SP.

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