domingo, 30 de junho de 2013

MUSEU DO CAFÉ EM RIBEIRÃO PRETO.


Nesta manhã, 30 de junho de 2013, linda de sol, resolvi passear com minha filha para monstrar o museu do café de Ribeirão Preto, um excelente passeio para domingo, do qual morando aqui a muito tempo ainda não tinha conhecido, mas valeu a pena. Toda manhã de domingo ocorre um bailinho ao ar livre onde se ouve uma banda tocando chorinho e o pessoal dançando é nota 10, eu recomendo a todos.


O Museu Histórico Plínio Travassos dos Santos e o Museu do Café Cel. Francisco Schmidt estão localizados na área antiga Fazenda Monte Alegre de Ribeirão Preto. O primeiro proprietário desta área foi o cafeicultor mineiro Cel. João Franco de Moraes Octávio.









 
Imigração Italiana
Escultura de Carlo Crepaz

          Em 1890, o então colono alemão Francisco Schmidt comprou esta fazenda empreendendo uma série de reformas no local, para atender a grande demanda da produção cafeeira. Na década de 30, o Estado a desapropriou e parte da área foi cedida ao município para implantação dos museus.
O acervo do Museu Histórico foi constituído baseado nas coleções dos museus de história natural, da história oficial, coleções etnográficas, dos artefatos da cultura popular e fotografias.
O acervo do Museu do Café é representativo da história econômica do café, quando os núcleos rurais substituíram a mão-de-obra escrava pelo imigrante europeu.
No final da década de 30, o Governo Estadual desapropriou a Fazenda Monte Alegre e, posteriormente, por volta de 1948, as terras da fazenda passaram a constituir o patrimônio da Universidade de São Paulo. A Prefeitura recebeu como doação do Estado cerca de 17.000m², para a formação dos acervos e da instalação desses museus municipais. Em 1994, a Fazenda Monte Alegre era tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat).
          Leia abaixo o texto da Diretora dos Museus Municipais, Silvia Maria do Espírito Santo, sobre o novo Projeto Museológico, iniciado em junho de 2002:

Museu Histórico Plínio Travassos dos Santos

 Museu do Café Cel. Francisco Schmidt

 

- MUSEUS HISTÓRICO E DO CAFÉ -
Arquitetura e impasse na representação do acervo
APRESENTAÇÃO
          Esta  apresentação procura abordar as experiências desenvolvidas no Museu Histórico Plínio Travassos dos Santos e no Museu do Café Cel. Francisco Schmidt, da Secretaria de Cultura do município de Ribeirão Preto, situados no Jardim Botânico e no Campus da Universidade de São Paulo - tombados pelo Condephaat – Conselho de Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico e por lei municipal.
Todas as discussões sobre museus preocupam-se com a sua dignidade institucional: preservar e interagir socialmente. Embora os Museus Histórico e do Café de Ribeirão Preto pareçam enfrentar um desafio para implementar novas diretrizes para o desenvolvimento de uma política de recuperação do acervo, do patrimônio arquitetônico e ambiental, esta problemática é comum aos Estados e Municípios do país.
De uma maneira geral, a compreensão da importância do acervo apresenta-se insuficiente para realizar uma real transformação: do museu histórico estático, dos anos 50, ao museu histórico interativo, do século XXI.  A carência de um corpo técnico especializado, que possa produzir tratamento, pesquisa, conservação do acervo, captação recursos financeiros e valorização dos bens patrimoniais são os principais desafios a serem superados.
Atualmente partimos da avaliação do número significativo de visitantes (cerca de 3.600/mês), da continuidade da monitoria e do Projeto ‘Café da Manhã com Chorinho no Jardim Botânico’. A criação de uma Reserva Técnica, do uso do seu entorno pelo público dançante e, principalmente,  do repensar a representação dos acervos e sua relação com o público são as principais metas.
De outubro de 2001 a março de 2003, medidas de urgência e o projeto de reforma estrutural provocaram a identificação de problemas museológicos e a necessidade da elaboração de um Plano Diretor para estes museus.


DIAGNÓSTICO E PESQUISA DE PÚBLICO
          Um breve diagnóstico da situação atual considera o ano de 2002 como caracterizado pela intervenção no prédio do Museu Histórico, ação educativa, como implantação de monitoria universitária através de alunos voluntariado do curso História, Turismo e Artes Cênicas,  da capacitação dos funcionários através de projetos da Secretaria de Estado da Cultura, do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e a constituição de uma comissão para elaboração do Plano Diretor.
          Uma pesquisa aplicada esclareceu que, distintamente, embora os acervos representem fortes significados para o cidadão ribeirão pretano e da região, as suas importâncias não acompanham as formas contemporâneas de apropriações do conhecimento. A arquitetura dos museus não está adaptada à proteção do acervo e este, igualmente, não foi considerado com a devida importância histórica que lhe é atribuído, pela comunidade e pela academia. Apresentavam-se tais como foram concebidos nos anos 40 e 50: com uma museografia inoperante para os dias atuais e com a ausência de instrumentos de produção e de pesquisa capazes de realizar a interatividade com o público.
          Não deveríamos buscar respostas em discussões amplas sobre emissor e receptor para a realidade dos museus históricos? (1)
          O reconhecimento da cultura desta comunidade estaria no centro das repostas destas questões. Para responder ao questionamento do abandono na preservação patrimonial no município, ao papel destes museus e de seus acervos, para chegarmos, talvez, ao rigor conquistado pelos museus de arte na região – a exemplos: o Museu de Arte de Ribeirão Preto e o Museu Cândido Portinari, Brodowski - deveríamos iniciar pelo estudo da identidade cultural desta região, seus desejos, apropriações e meios para transformação, desde que sejam, de fato, os pontos vitais para esta cultura ainda desconhecida.
(1) - O Seminário História Representada,  realizado pelo Museu Histórico Nacional em mesa redonda "A Concepção e a Organização de Museus em Áreas ou Espaços Preservados", apresentou ampla abordagem sobre novas propostas de interação com a comunidade no funcionamento dos museus que valorizam o trabalhador e os meios de produção no espaço museal.

Carruagem que compõe o acervo do museu




sala de exposição

ACERVO, PORÕES E ESQUECIMENTO
          Nos porões os odores exalam dos animais empalhados: onça jaguatirica, tamanduá, leões; ferros oxidados de suportes de mesas, máquinas mecânicas, elétricas, luminárias, instrumentos de trabalho agrícola, madeira de móveis do século XIX, tintas, tecidos de uniformes oficiais e roupas de cidadãos comuns, artefatos indígenas, couro das botas de soldados da Revolução de 32, esculturas em gesso e tantos outros fragmentos.  Estes espaços escuros e amaldiçoados foram receptores de objetos do acervo, quebrados, feios, sem sentido ou significado, durante 50 anos.
Os fortes cheiros nos lembram que não há lugar para o desprezo, para o descaso, para a ignorância.  Nos alertam que a memória, mesmo que fragmentada, dá lugar para o imaginário e para a classificação deste objetos.
Encontramos estes museus em estado precário de conservação. Os Museus Histórico, antiga sede da antiga fazenda Monte Alegre, e do Café, permaneceram de forma degradante durante décadas. Nos porões são demonstradas as dificuldades de classificação dos objetos e coleções.  Sem dúvida, foi  mais fácil destiná-los a um porão inacessível, como uma prisão permitida, um confinamento com aparência de temporário.
          A ausência, nestes museus, de iluminação adequada, adaptação de mobiliário, acondicionamento, reserva técnica apropriada e pessoal técnico, são partes de um conjunto que os excluem da qualificação museológica.
          A primeira ação para estabelecer uma cura destes porões foi sistematizar o acervo em Dossiê e ordenar as peças encontradas nos porões. Assim, iniciamos  uma discussão sobre as metas e objetos, necessidade de investigação da cultura e sua significativa dimensão social.







EXPOSIÇÃO DA REFORMA/RESTAURO
          A realização de uma exposição: Novos Tempos para os Museus Histórico e do Café de Ribeirão Preto,  deu início à reabertura dos museus após quatro meses de reforma estrutural e de recuperação dos prédios do século XIX e de 1948, e suporte à monitoria universitária na recepção e no agendamento de escolas do ensino fundamental, médio, superior e do público espontâneo.
A exposição, composta de  oito painéis, construídos a partir de sobras de madeira peroba rosa,  solução econômica da maneira do reciclar, foi elaborada mediante a experiência, execução dos projetos e medidas urgentes. Conta com a exibição de documentos textuais, registros fotográficos do cotidiano da reforma dos prédios dos museus, fragmentos de composição das antigas construções, peças classificadas, objetos históricos encontrados nos porões, do uso da área verde  pela comunidade, dos princípios e objetivos de um Plano Diretor para os museus.
Nesta administração, a Secretaria da Cultura de Ribeirão Preto e a Coordenadoria de Memória Cultural dirigem os seus esforços no sentido de valorizar o Patrimônio Histórico e Cultural, apesar de todos os desafios enfrentados nestes museus.



máquina de beneficiar café, 1908

Video com a reporter Manuela Paiva, onde monstro todo o museu.
http://www.youtube.com/watch?v=vnrxHSp9izc 
(Fonte: YouTube) 
Museu Histórico Plínio Travassos dos Santos
Museu do Café Cel. Francisco Schmidt
Av. Prof. Zeferino Vaz s/nº - Campus da USP
CEP. 14040-020 - Ribeirão Preto,  São Paulo
Tel: (0xx16) 633-1986
Horário de visitação:
2ª a 6ª feira - das 10h às 16h30min
Sábados - de 12h30min às 16h30min
Domingos - de 9 às 16h30min