Distrito da Estiva Grande (Santo Antônio da Estiva),
num domingo de calor sufocante e sob um sol escaldante, fizemos uma
breve visita a uma antiga fazenda de café fundada por suíços na década
de 1930 (Fazenda Lagoa Bonita) de propriedade da família Bannwarth – que
guarda todos os resquícios de um passado rico em atividades e
empreendimentos.
Nas imediações, uma linda lagoa e
remanescente do que um dia fora a mata que cobrira toda esta região e
portanto, antigo território dos kaingang. Quase por acaso, nos deparamos
com a “ Mata da Santa Rita”. Exuberante dentro de todos os limites que
lhe fora impostos, mas ainda ali – imponente.
Ali
se instalara numa casa feita de taipas (já existente), acompanhado da
mulher e uma filha casada com Augusto da Silva, que era clarinetista na
capital paulista.
José Veríssimo, inapto no trato
para com os indígenas, acabou armando para si próprio uma cilada –
quando em posição de mando, executa o desmatamento e acaba insuflando a
ira e revolta dos kaingang, que acabam por ataca-los e trucida-los.
O
massacre é descrito com todos os requintes de crueldade na obra de
Edgard Lage de Andrade “ Os sertões da Noroeste”, onde é narrado sob o
ponto de vista do conquistador, um trecho da história desta região que é
marcada pelo sangue dos indígenas e dos colonizadores que não
conseguiam entender que – quando o agricultor adentrava o território
indígena e fazia uma pequena roça – ele era “aceito” como um igual– mas
quando ele derrubava a mata ostensivamente, isso era interpretado como
uma afronta, pois a floresta era para os Kaingang, algo intocável, fonte
da vida - de tudo e de todos. A floresta era sagrada.
As
propriedades estão lá – quase fantasmas e dos kaingang restaram pouco
mais de 50 pessoas, de uma etnia que contava com milhares, segundo
Nimuendaju ainda em 1906.
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