Cenas do Festival de Águas Claras na Fazenda Santa Virgínia em Iacanga,
São Paulo, em janeiro de 1975. Participação da banda APOKALYPSIS com o
multinstrumentista Prandini, o tecladista Tuca, o baixista Edu Parada e o
compositor, cantor e baterista Zé BRASIL.. Filmado em Super 8 mm por
Mário Luiz Thompson. Trilha: "Foi em 66" de Zé BRASIL com o APOKALYPSIS.
Edição: UHF Vídeo uhfvideo@terra.com.br
Apokalypsis: Banda lança CD gravado em 1974!
Banda Apokalypsis lança CD gravado em 1974!
Escrito por Antonio Celso Barbieri
A banda Apokalypsis, comandada pelo
músico Zé Brasil, acaba de lançar o CD intitulado “1974”. O álbum, uma
raridade, foi lançado no finalzinho de 2009 e, contém 7 músicas gravadas
ao vivo em um show realizado no dia 16 de dezembro de 1974. As músicas
são: Liberdade, Homo Sapiens, Amanhã, Voz dos Tambores, Foi em 66, OVNI e
Vamos salvar a Terra. A capa do álbum reproduz a tela "Love Supreme" do
famoso pintor Antonio Peticov e conta com arte gráfica adicional do
músico e designer gaúcho Rafael Cony.
Considerando-se que trata-se uma
gravação feita à quase 40 anos atrás, a qualidade do material sonoro é
surpreendentemente muito boa. Musicalmente, não falta competência mas,
as músicas certamente vão reverberar muito mais para a velharada que
viveu esta época de muitas mudanças sociais do que, para a nova
juventude que gosta de letras mais viscerais e um sonzinho mais pesado.
Trata-se de um material híbrido contendo
elementos de música clássica, música progressiva, MPB, Jazz e rock. O
rock aqui representado, é um rock mais pasteurizado, mais para o "Flower
Power" do anos 60 do que, para o peso do hard rock dos anos 70. A
temática lírica é um reflexo deste período e exporta a mesma inocência
utópica de um Blowin’ In The Wind (Bob Dylan) ou Imagine (John Lennon).
Dá até a vaga impressão de que, enquanto os militares estavam quebrando
tudo, nossos jovens estavam com coroas de flores na cabeça dançando
pelados no meio do mato! Olha que as aparências enganam muito! O Zé
Brasil que o diga!
Como documento histórico, o CD não tem
preço e é uma janela aberta para um período no Brasil em que o rock
apesar da ditadura militar, foi muito criativo e competente.
Musicalmente, eu nunca fui muito MPB
e, acho que este álbum tem MPB demais para o meu gosto (principalmente
nos vocais). Para mim cantou muito limpinho, muito bonitinho já não é
rock ou então, no máximo é uma balada. Bem, como vocês já sabem, gosto é
uma coisa muito particular e eu sugiro que o caro leitor escute, julgue
por si mesmo e prestigie este trabalho histórico. Outra coisa do rock
que o povo esquece é que ele tem algo à ver com rebeldia adolescente,
quebra de valores, choque de gerações e coragem de chutar o balde em
termos de forma e conteúdo. O rock sobreviveu até hoje porque é um
camaleão e se veste de acordo com o tempo que vivemos. Quando perdemos
aquela energia seminal e ficamos comportados é sinal de que estamos
perdendo o pique.
Agora, deixando o meu radicalismo de lado, honestamente, achei o album 1974, como fotografia de um período, Nota 10
mas, nos dias de hoje, temos que reconhecer que está um pouco
desgastado tanto na forma como no conteúdo e, sua mensagem meia hippie
já não tem mais a mesma força e resonância.
De qualquer forma, só a parte
instrumental da música Liberdade, em sí só, já "mata a pau" e mostra
porque o lançamento deste álbum é tão importante!
Vídeo criado e produzido por Antonio Celso Barbieri para a
música Liberdade. Devido à limitação máxima de tempo imposta pelo
Youtube (10 minutos) a música original que tem 13:07 minutos teve que
ser editada e reduzida para 9:40 minutos de duração.
Importante: Antes de ver o vídeo, não esqueça-se de desligar o audio player que localiza-se mais abaixo nesta página!
Acho importante salientar que, a história do grande Zé Brasil
confunde-se com a própria história do rock brasileiro deste período e,
vale a pena ser conhecida. Justamente por isso, abaixo segue um texto
muito interessante escrito pelo próprio Zé Brasil.
Antonio Celso Barbieri
Zé Brasil, depois de ler a matéria acima, enviou-nos o texto abaixo que achamos relevante:
"Eu
tinha uma opinião muito semelhante à tua com relação a quem o "1974"
iria sensibilizar ("a velharada daqueles tempos"). Daí resolvi, por
instinto, fazer o lançamento online em 17/11/2009 no site da Trama Virtual
que é dirigido por jovens e completamente voltado para o público
alternativo indie, e meia hora depois o APOKALYPSIS era o destaque
número 1 e a seguinte resenha foi publicada no Blog da Home Page:
Baixe já, antes que o mundo acabe!
Primeiro
escute essa parada aqui e sinta o drama (a música Liberdade). Não é
segredo pra ninguém (ou é?) que durante a década de 70, o Brasil foi um
dos top 3 centros de criatividade musical no planeta, muito disso porque
teve uma prolífera e inovadora avalanche de grandes bandas progressivas
que mexeram com as bases, entre elas a mais brilhante a surgir nos
trópicos (Som Imaginário) e também coadjuvantes de respeito. Bom, essa
música que você escutou é do Apokalypsis, um desses secundários
respeitáveis, que no caso era liderado pelo Zé Brasil, que fez algumas
canções entre 74 e 75 com Arnaldo dos Mutantes inclusive, que na época
enveredava pela mesma teia sonora de teclados e esgotamento das
possibilidades rítmicas e melódicas no pop convencional. Depois disso,
fazer música experimental ficou bem mais fácil (ou difícil, dependendo
da leitura). Bom, o Apokalypsis está na TramaVirtual e eles acabaram de
subir seu brilhante registro de 74, obrigatório."
|
http://www.celsobarbieri.co.uk/index.php?option=com_content&view=article&id=170:banda-apokalypsis-lanca-cd-gravado-em..
Apokalypsis - 1974
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Apokalypsis ao vivo
A Saga de Zé Brasil e Silvia Helena
Escrito por Zé Brasil
Zé Brasil é um brasileiro paulistano de
56 anos, com pais aparecidenses do Vale do Paraíba, estado de São Paulo.
Família de classe média, quatro irmãos homens, vive a infância e
adolescência no bairro de Cerqueira Cezar em São Paulo, Capital. Cursa o
primário e o ginásio em colégio de freiras americanas. É arquiteto
formado, descendente de músicos e políticos: avôs mineiro e paulista,
bisavó bugre casada com português.
Músico desde criança, começa com a
professora de piano aos 7, violão aos 12, bateria aos 15, história da
música com Valter Lourenção no MASP aos 18, viola caipira aos 22, também
com 22 violão clássico com Henrique Pinto e música na Fundação das
Artes de São Caetano do Sul, piano com Ricardo Breim e música com Lea
Freire no CLAM aos 25, composição e regência na FIAM aos 27, arranjo aos
31 com Nelson Ayres, e continua, graças a Deus, aprendendo, cantando,
tocando e compondo até hoje.
Zé Brasil e Silvia Helena
Aos 15 anos reúne-se com seus amigos em
conjuntos de bossa nova, rock e jazz. Toca bateria nas festinhas e casas
de colegas de escola, como a do cineasta Ricardo Lua, e em alguns
eventos amadores.
Em 1968 Zé Brasil, já na Faculdade de
Arquitetura Mackenzie, participa do "Movimento Estudantil" contra a
ditadura. Conhece e se torna amigo dos "Tropicalistas", principalmente
de Waly Salomão, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Através do pintor
Antonio Peticov conhece o roqueiro Nico Pereira de Queiroz que tem
muitos discos importados de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Grateful Dead,
Jefferson Airplane, etc. Com Toninho, como Peticov era tratado pelos
amigos, vai à noite mostrar os discos do Nico para os "Tropicalistas" no
apartamento de Caetano na Avenida São Luiz onde há um ótimo equipamento
de som. Também quase todas as madrugadas o grupo se reúne no
apartamento de "Bocha", no bairro de Higienópolis, uma senhora uruguaia
que recebe todos muito bem e os apresenta para pessoas como o jornalista
José Simão e o cineasta Walter Hugo Khoury. Peticov e Zé Brasil, na
casa deste na Rua Padre João Manuel, criam e produzem as faixas de pano
para os Festivais do Teatro Paramount com a aprovação dos baianos Gil,
Caetano e Gal. Essas faixas são empunhadas na platéia com frases como
“Abaixo o Poder Velho, viva o Poder Jovem”. Naquela atmosfera mágica dos
grandes “Festivais dos Anos Sessenta” Zé Brasil torce e vibra muito
pelas músicas dos “Tropicalistas” como Tom Zé: "São, São Paulo" vence.
Freqüenta os ensaios e os programas "Divino Maravilhoso" na TV Tupi e
conhece os Mutantes. Chega ao apartamento de Caetano pouco tempo depois
da prisão do poeta baiano. Está presente, chorando e consolando as
famílias dos dois amigos, na emocionante despedida de Gil e Caetano no
Teatro Castro Alves em Salvador, Bahia, em 1969. Sua vida, daí para
frente, nunca mais vai ser a mesma.
No auge da psicodelia dos “hippies”
acontecem saraus musicais na casa do baixista Tany Gubernikoff, amigo de
Peticov, e Zé Brasil conhece e toca com Marcelo Aranha e Lanny Gordin.
Com o Grupo Brasil, formado por músicos e músicas, ensaia e grava na
sala de visita da casa da Rua Padre João Manuel e chega a se apresentar
no Colégio Equipe e no Teatro Oficina.
Zé Brasil inicia sua carreira de músico
profissional em 1972 cantando e tocando bateria, como Zé da Batera, no
grupo Tigres da Noite na “Última Peça” de Zé Vicente no Teatro Vereda em
São Paulo, com Ricardo Petraglia, Ezequiel Neves, Clóvis Bueno, Cláudio
e Sérgio Mamberti. Ainda em 1972 participa como baterista da peça
“Fernando Pessoa” no Teatro Ruth Escobar com Jamil Maluf, Murilo
Alvarenga, Edú Viola, Goulart de Andrade, Jandira Martini, João José
Pompeu e Ariclê Peres dirigidos por Silnei Siqueira. Participa dos
programas de TV "Encontro" na TV Cultura com Nídia Lícia, "Hebe" com
Hebe Camargo na TV Record e "Clube dos Artistas" com Airton e Lolita
Rodrigues na TV Tupi. Estréia como Zé Brasil no Teatro Brasileiro de
Comédia apresentando-se no show “A Pesada do Rock” produzido pelo
guitarrista argentino Cacho Valdez (Beat Boys). Seu conjunto, o Grupo
Brasil, conta com os músicos Luiz Chagas (Itamar Assumpção), Prandini
(Guilherme Arantes), Iphe (Amelinha) e Dado. Nesse mesmo ano participa
como baterista de um trio elétrico pioneiro que percorre algumas das
principais avenidas de São Paulo por ocasião da mudança da Escola
Politécnica da USP, da sua antiga sede na Avenida Tiradentes, para a
Cidade Universitária no Butantã. Os outros participantes são Tadeu
Passarelli (Raíces de América), Max Resende e Edú Viola.
Em 1973 participa do "Festival de São
Lourenço" (São Lourenço, MG), toca e faz amizade com Arnaldo Baptista.
Vai para os EUA. Viaja 5.000 milhas de carona de carro, caminhão e até
avião. Vai de Miami até Nova Iorque e depois, "coast to coast“, até São
Francisco. Viaja como Bob Dylan, "on the road”, com a viola caipira
debaixo do braço. Canta e toca nas ruas, bares, “coffee-houses” e
“night-clubs” de São Francisco. Vive de música.
Quando volta ao Brasil, ainda em 73,
funda a Space Patrol com Arnaldo Baptista, que tinha acabado de deixar
os Mutantes. O nome é sugerido por Alan Kraus, técnico de som, inclusive
do “Festival de Woodstock” segundo o Arnaldo, e que começa como
guitarrista da banda. Em shows no Parque do Ibirapuera, São Paulo, já
com Marcelo Aranha na guitarra, a Space Patrol apresenta pela primeira
vez o repertório do LP “Arnaldo Loki? Baptista” gravado em 1974 por
Arnaldo, Dinho e Liminha, com a participação de Rita Lee e os arranjos
de Rogério Duprat. O show de Aniversário da Cidade de São Paulo no
Parque do Ibirapuera em 1974, promovido e apresentado pelo Magnólio,
apresenta a melhor performance da Space Patrol com Zé Brasil abrindo o
“set” cantando e tocando suas músicas com a viola caipira. Na seqüência,
o trio Arnaldo, Marcelo e Zé tocam para mais de 25.000 pessoas, segundo
a imprensa, que provocam até um congestionamento de trânsito em volta
do emblemático monumento das Bandeiras no entorno do parque. Arnaldo
toca órgão, sintetizador, clavinet, faz o baixo na pedaleira, assume o
contrabaixo em algumas músicas transformando a Space Patrol em
power-trio com a guitarra de Marcelo Aranha e a bateria do Zé Brasil.
Os ensaios na Serra da Cantareira
acontecem, praticamente, todos os dias. Todos colaboram nos arranjos. A
inspiração e o sentimento do Arnaldo sempre trazem novas músicas para a
banda. As casas do Arnaldo, do Sérgio e do irmão mais velho Cláudio
Cézar (“luthier” dos instrumentos e criador do equipamento dos Mutantes)
ficam próximas, no mesmo terreno. Os Mutantes, com Sérgio Dias e
Liminha, e o Tutti-Frutti com Rita Lee também ensaiam na Serra. “Jam
sessions” acontecem com os músicos da Space Patrol, Mutantes e
Tutti-Frutti. Zé Brasil tem a oportunidade de fazer amizade e tocar com
Liminha e Lee Marcuci. Com Sérgio Dias, na casa dele, chega a improvisar
na viola caipira enquanto o Mutante dedilha sua cítara indiana.
Além das duas apresentações da Space
Patrol no Parque do Ibirapuera, acontece a última tentativa frustrada na
cidade mineira de São Lourenço. É uma espécie de “farewell show” que
não se concretiza. Mas nem por isso deixa de ser um evento bem no estilo
do Arnaldo Baptista. Naqueles dias Zé Brasil sobe e desce a Serra da
Cantareira quase todos os dias com uma Variant azul. É com ela que, numa
noite de 1974, com os instrumentos e os músicos, a Space Patrol sai
para tocar no “Festival da Saúde Perfeita em São Lourenço” cidade em
que, um ano antes, Zé Brasil encontra e faz amizade com Arnaldo
Baptista. Coisas do destino: é lá também que Lucinha Barbosa o encontra
pela primeira vez no Festival de 1973. As curvas da Cantareira não são
como as da Estrada de Santos e Zé Brasil bate antes de chegar ao pé da
Serra. A viatura tem que ser trocada. A Variant fica na oficina e a
trinca vai com o “Fusquinha” amarelo do Marcelo Aranha que tem, como ele
lembra quando reencontra Zé Brasil em 2005, um adesivo escrito "Have a
nice day". Tudo muito bom, tudo muito bem como canta o Evandro Mesquita,
até que recebem um sinal para parar num posto da Polícia Federal, na
Dutra. O “pacotão” está aberto, sendo mais do que utilizado, e a
paranóia dos anos setenta se instaura. Zé Brasil não pára, acelera o que
pode naquela “máquina quente” e vai pela Estrada Velha até a Estrada de
São Lourenço, numa escapada digna de um “road movie” tupiniquim. Antes
disso o astral da viagem é tão bom que Zé Brasil compõe o "Rock de
Taubaté" como homenagem ao Vale do Paraíba, Sagrada Terra da Senhora
Aparecida e torrão natal dos pais dele, enquanto o Marcelo e o Arnaldo
pesquisam os efeitos de duas atividades aparentemente estanques:
respiração com auxílio de vegetal e viagem em veículo movido a
combustível fóssil. O único que consegue se apresentar no Festival é Zé
Brasil, num singelo show acústico com a viola, no Parque das Águas.
Arnaldo & Space Patrol, que estão previstos para se apresentar junto
com Mutantes e Rita Lee (?) no Ginásio Municipal, frustram o público
por um motivo que até hoje não está bem esclarecido. Coisas de um tempo
bom e louco que deixa saudades e não volta mais.
Zé Brasil também participa de “jam
sessions” nas “Sessões Malditas” de sexta-feira no Teatro Oficina, São
Paulo, tocando com músicos como Sérgio Dias e Liminha dos Mutantes e
Sérgio Kaffa (Scaladácida).
Em meados de 74 Zé Brasil deixa a Space
Patrol e cria o Apokalypsis, com Prandini (guitarra, viola caipira, sax e
flauta), Tuca Camargo (piano) e Edú Parada (baixo). São contratados por
Fernando Tibiriçá, da produtora "Trinka Produções Brasileiras", e
depois por Gabriel Neto ex-empresário do Terço. O conjunto é considerado
uma das revelações do Rock Brasileiro nos anos setenta e atualmente
está lançando o CD “1975” pelo selo “Natural Records” com um show
gravado ao vivo por Pena Schmidt no Teatro Bandeirantes em 11 de outubro
de 1975. O tecladista Rafael Blóes substitui Tuca Camargo (Som Nosso de
Cada Dia) no início daquele ano. Zé Brasil e o Apokalypsis participam
dos acontecimentos emblemáticos da época: shows em São Paulo no Parque
do Ibirapuera, na Tenda do Calvário, no TUCA, no Teatro Aquarius, no
Teatro da FGV, no Teatro Bandeirantes, no “Festival Banana Progressiva”,
no Opus 2004, no “Festival de Águas Claras” (Iacanga, SP), no “Rock da
Garoa” do Maracananzinho (Rio de Janeiro, RJ), programa "Kaleidoscópio"
na Rádio América com Jaques Gersgorin, programa "Aleluia" na TV Tupi com
Fábio Júnior e Silvio Brito, "Revista Pop" da Editora Abril, etc.
Na noite de 17 de novembro de 1975 Zé
Brasil conhece a cantora Silvia Helena, filha de gaúchos descendentes de
alemães e portugueses, nos camarins depois do show "Refazenda" de
Gilberto Gil no Teatro Aquarius . Em 1976 lançam um compacto como
Maytrea & Silvelena pelo selo “Atmosfera” de Malcom Forest
distribuído pela "CBS", gravado no Estúdio Sonima com Paulo Machado
(arranjos e teclados), Gerson Frutuoso (baixo), Egídio Conde (guitarra) e
Zé Brasil (bateria). O disco é lançado no show "'Metamúsica" no Teatro
Anchieta com participação de Chico Bezerra (poeta, cantor e compositor) e
Edú Viola (cantor, compositor, violeiro e liutáio). Também como
baterista Zé Brasil grava no “Estúdio Prova” o compacto “Treb Remmedy
and the Candidates” dos cantores Treb Remmedy e Paul Leanne para ser
lançado nos EUA e Canadá, com Steve Yolen (banjo e folk-guitar), José
Pestana (flauta), Rodolfo Grani (baixo), Hareton Salvanini (teclados) e
Carlão (violão de doze cordas).
Em 1977 Zé Brasil e Silvia Helena
recriam o Apokalypsis e se casam. Apresentam-se em teatros de São Paulo
com o tecladista William “Billy” Forghieri (Blitz), os guitarristas
Índio, depois Roberto Fernandes (Voga) e o baixista Osmar Murad
(Sunday). Gravam a música “Forró Danado”, de Zé Brasil, no Estúdio
Eldorado em 1978 como faixa do LP “Billy Bond y Los Jets” lançado na
Argentina. Viajam para a Inglaterra e realizam o “farewell show” do
Apokalypsis, em fevereiro de 1979 no Tramshed Theatre em Woolwich,
arredores de Londres, com a participação dos músicos ingleses David
Bradnum (guitarra) e Paul Hirch (baixo). Zé Brasil participa como
percussionista de gravações de “reggae”, “disco” e ”funk” com artistas
ingleses, jamaicanos e latino americanos em estúdios londrinos como
“Gooseberry” e “CBS”, entre outros. Como baterista vai à audições,
através de classificados nos semanários “Melody Maker” e “New Music
Express”, de grupos ingleses de “rock”, “rhythm and blues” e “punk rock”
como The Slits. Também como baterista ensaia com a banda de “heavy
metal” Mean Machine e faz shows com a cantora Sandra Mara, brasileira
radicada na Suécia.
Em 1980, como José & Silvia, gravam
no Free Range Studios em Londres, o compacto duplo “Brazilian Wave” pela
gravadora “Natural Records” e distribuído na Inglaterra pela "Pinnacle
Records". Um grupo de músicos de diversas nacionalidades participam das
gravações: os brasileiros William Forghieri (teclados). Roberto
Fernandes, (guitarra) e João Bosco (percussão); os ingleses Andrew
Bailey (guitarra) e Julian Ladbury (baixo); o neo-zeolandês Craig Price
(baixo) e o indiano Robin Jones (percussão). “Brazilian Wave” foi
co-produzido pelo empresário carioca sediado em Londres Clodomir de
Castro. O disco é lançado na França em 1980 e na Espanha e Inglaterra em
1981. Zé Brasil e Silvia Helena realizam diversos shows em night-clubs,
café-theatres, caves, boates, restaurantes, clubes, bares e teatros de
Londres, Reading, Woolwich, Paris, Toulouse, Cannes e Barcelona.
Destaque para os shows no Lyceum, Cafe Royal, The Venue, entrevistas
para a Rede Globo com Bob Feith e BBC Radio com Ana Maria Cavalcante
(Londres), shows no Via Brasil, Le Chevalier du Temple e Le Discophage
(Paris), La Grange aux Belles e entrevista para a Radio France Inter
(Toulouse), show no Blue Moon Club e disco no MIDEM (Cannes),
apresentação na Casa de Andalucia e entrevista para a Radio España
(Barcelona).
Em fevereiro de 1981 Zé Brasil e Silvia
Helena retornam ao Brasil e lançam o disco inglês numa série de
apresentações em shows, rádios e TV. Sua banda de apoio, o trio
“Delinqüentes de Saturno”, conta com Edgard Scandurra (IRA), Maurício
Rodrigues (Ultraje a Rigor) e Victor Leite (Muzak), entre outros músicos
da nova geração que surge. Destaques para os shows no Ginásio das
Faculdades Oswaldo Cruz, Carbono 14, TUCA, Hong Kong e participações em
programas de rádio de São Paulo e do interior. Alexandre, o primeiro
filho de Zé Brasil e Silvia Helena nasce em dezembro de 1981.
A menina Andréa nasce em maio de 1983
completando a família. Também em 83 Zé Brasil e Silvia Helena fundam o
UHF. A estréia é na “Fábrica do Som” com Tadeu Jungle da TV Cultura no
Teatro do Sesc-Pompéia. Em 1987 a família roqueira muda para Rio Claro,
São Paulo. Tocam na Capital, Interior e Litoral paulista em teatros,
bares, night-clubs, ginásios, clubes e danceterias. Participam e são
premiados em festivais da Capital e do Interior. A última apresentação
do UHF em São Paulo é no programa “Boca Livre” com Kid Vinil, também da
TV Cultura, no Teatro Franco Zampari em 1989. Ainda em 89 lançam o LP
“UHF” pela gravadora “Natural Records” gravado no Estúdio Master em São
Paulo. Com Zé Brasil (direção musical, composição, vocal e bateria) e
Silvia Helena (vocal solo) gravam Aquiles Faneco (guitarra), Beto Viana
(baixo) e Ronaldo Zimmermann (flauta doce). Participam do UHF músicos
como Akira S., Tuco Marcondes (Zeca Baleiro), Kim Kehl (Made in Brazil),
Rodolfo Braga (Joelho de Porco) e Hugo Hori (Funk como Le Gusta).
Destaque para os shows no Radar Tan Tan, no Rose Bom Bom, no Centro
Cultural São Paulo, na Choperia do Sesc-Pompéia, no programa "Realce
Baby" da TV Gazeta com Mister Sam e no programa "Balancê" com Fausto
Silva na Rádio Excelsior FM.
Desde 1988 Zé Brasil tem sua própria
produtora, a “UHF Vídeo, Áudio e Multimídia”, e produz discos, jingles,
trilhas, CD-ROMs, DVDs, programas de TV, vídeos empresariais,
comerciais, documentários, computação gráfica, marketing político, etc.
Seu selo “Natural Records”, criado em Londres em 1980, tem no catálogo
um compacto duplo, dois LPs e dois CDs.
No final do ano 2000 os Zimmermann Barreto retornam à sua cidade natal.
Durante a comemoração dos 450 anos de
São Paulo, em 2004, a música “São Paulo, Brasil” de José & Silvia,
gravada em Londres em 1979, é selecionada pelo produtor Luis Calanca da
“Baratos Afins” para o CD “Sim, São Paulo” da “Unimar Music”. O CD traz
também uma faixa-bônus, inédita, com a versão de "São Paulo, Brasil" em
português. Isso desperta no velho roqueiro e violeiro Zé Brasil a eterna
paixão pela cidade natal. Acaba de compor a “Suíte Paulistana” em 2005.
Tocando viola e cantando com a Silvia Helena, grava no Pro Tools do
“Estúdio GAZ” de Fábio Gasparini (Magazine). Mixa com os sabiás e
bem-te-vis da década de setenta, gravados da janela de sua casa na Rua
Padre João Manuel, e fica em paz com seu coração
O ano de 2005 é fundamental para Zé
Brasil e Silvia Helena. Os dois retomam a carreira musical estimulados
pela redescoberta do seu trabalho por Amarílis Gibeli (Near Mint
Records), Luis Calanca (Baratos Afins), Bento Araújo (Poeirazine) e
Mário Pacheco (Do Próprio Bolso).
Zé Brasil acha em meio aos seus
guardados uma letra: “Cabelos Dourados”. É um presente de Arnaldo
Baptista na Serra da Cantareira em São Paulo quando companheiros na
Space Patrol em 1973/74. Esse fato provoca em Zé Brasil a vontade de
retomar o contato e a amizade com o amigo. Envia um e-mail para ele e
recebe uma resposta, rara porque Arnaldo evita a Internet, quatro dias
depois. A música toma conta da vida de Zé Brasil. Conhece o maestro e
produtor Fernando Bustamante que começa a gravar no seu Pro-Tools a
primeira versão de “Cabelos Dourados”. O guitarrista Norba Zamboni
acrescenta as guitarras, Zé Brasil reprograma a bateria, Xandy Barreto
remixa tudo na ilha da “UHF Vídeo, Áudio e Multimídia” e o rock da
Cantareira renasce no século XXI.
Em outubro de 2005 Zé Brasil escolhe
Porto Alegre para fazer o pré-lançamento de “Cabelos Dourados” e
participa dos programas do Mutuca (Rádio Ipanema FM) e, com Silvia
Helena, do “Radar” (TV Educativa) graças ao apoio e amizade do
guitarrista/designer Rafael Cony, da banda gaúcha Só Creedence e do
“Estúdio M Design”. É uma viagem que fica guardada para sempre nos
corações de Zé Brasil e Silvia Helena pelo carinho que recebem dos
amigos e parentes do Rio Grande do Sul.
Ao voltar para São Paulo, motivado pelos
apelos dos amigos e fãs do Apokalypsis, Zé Brasil realiza um velho
sonho: lança o CD “1975” com a gravação ao vivo do show “Rock da Garoa”
no Teatro Bandeirantes em São Paulo na noite de 11 de outubro de 1975.
Silvia Helena participa como co-produtora fonográfica, Nico Queiroz em
Monte Verde (Minas Gerais) escreve o texto do encarte, Rafael Cony em
Porto Alegre faz o design gráfico, com fotos da época de Grace Lagoa e
da revista “Pop”. O CD é masterizado digitalmente por Renato Carneiro no
“Overdrive Studio”, de Xando Zupo, em São Paulo e o lançamento acontece
na “Nuvem Nove Discos” na Capital paulista em 17 de dezembro de 2005.
Bento Araújo, editor da revista “Poeirazine” e um dos redescobridores do
Apokalypsis, escreve uma nota sobre o fato. Na Internet o site
“Whiplash” publica uma matéria de Marcos Cruz sobre o Apokalypsis e os
sites “Senhor F”, de Fernando Rosa, e “Ziriguidum”, de Beto Feitosa,
anunciam o lançamento do “1975”. Uma resenha de Alex Antunes sai na
revista “Bizz” de fevereiro de 2006.
A música “Suíte Paulistana” é tocada na
abertura de todos os shows do evento “Paulistanos do Brasil” com direção
artística de Eliana Calheiros no teatro do “SESC Ipiranga”, São Paulo,
em janeiro de 2006.
O fato mais importante de 2006, até
agora, acontece após o reencontro, depois de mais de vinte anos, de Zé
Brasil e Silvia Helena com amigos fundamentais dos anos setenta: Jaques
Gersgorin, Arnaldo Baptista e sua mulher Lucinha Barbosa. Isso,
juntamente com o apoio de muitos amigos da Internet que compram o CD
“1975” e se tornam fãs do Apokalypsis, propicia a volta da banda do
coração de Zé Brasil. Destaque também para a entrevista de Zé Brasil no
programa “Rádio Matraca” de Laert Sarrumor que, ao completar vinte e um
anos na Rádio USP FM, convida Jaques do Kaleidoscópio e executa pela
primeira vez a música “Liberdade” do “1975”. Os músicos que participam
dessa nova fase do Apokalypsis são Xandy Barreto, filho de Zé Brasil e
Silvia Helena, na bateria, Camila Antonelli na guitarra e André Mainardi
no baixo.
Lá nas montanhas de Monte Verde, depois de ler esta saga, Nico Queiroz escreveu:
“Tanta coisa aconteceu, muita coisa
acontecerá! Esta história não acaba aqui, pois a mensagem do Apokalypsis
é eterna e se alimenta da energia infinita da Música e das pessoas que
vivem para mantê-la viva.”
São Paulo, 15 de maio de 2006
Zé Brasil